domingo, 21 de setembro de 2025

Um textinho sobre livros e leituras, será?

Gosto muito de ler, não sou uma compulsiva literária muito menos uma leitora patológica... Apenas leio.


Leio nas horas de conforto e nas de desconforto, seja para me encontrar ou perder-me de mim;

Leio pela companhia das palavras mais macias e pela cortante ausência delas.

A verdade é que ler, no meu caso, preenche algumas lacunas e abre vazios – os quais levo a terapia.

Um livro não passa pela minha vida sem imprimir suas marcas alinhadas a esta que vos fala quando escreve.

Por pior – ao meu ver – que seja um livro ele comunica alguma coisa mesmo quando indigesto, difícil ou prolixo.

Insisto com alguns, corro com outros, contudo, com os melhores tenho curtas ressacas e uma boa sobriedade.

Já me perdi, admito, desconheço se falo de fato sobre livros ou sobre amigos.

Coleciono pouca gente, pois como na aquisição de uma obra literária a qualidade vem antes do montante.

Logo me enganei com muitas capas e aprendi a passar do índice sem esnobar o prefácio, isto é, pra compreender mais.

Diferente de muitos minha vida não é um livro todo aberto – sou a favor do spoiler, mas gosto da surpresa.

Dou abertura para novas amizades fazerem seus lançamentos e as velhas suas releituras – ambas com edições.

Também me re/edito. Quem nunca?

Enquanto isto me componho com o folhear da vida: onde minhas páginas avançam consultando as de trás.

Um alívio: sou capa dura e escrevo a mão minha história sem atalhá-la.

Apesar da rigidez externa sou brochura por dentro o que me faz ser estrita em partes, mas fácil e acessível no resto.

Também sou livro e o que disse me contempla: é impossível agradar a todos e isto faz parte da gente.








domingo, 14 de setembro de 2025

Avessa a algumas (im)posições

Aprendi como o silêncio quando tático é dadivoso. Ele me escudeia ou me inspira a ação. Por vezes, emudecida escuto as pessoas sem qualquer conhecimento acerca de algo entabular um assunto conservando-me calada e em paz. O silêncio quando estratégico organiza a ideia antes de compartilhá-la.


Eu por ser falha como tantos outros, ao posicionar-me sobre um tema por mais aleatório que pareça pondero se ele é equilibrado pela premissa básica de que consigo escutar além dos ruídos aparentes em meio a colocações sejam passivas (agressivas ou até assertivas) a minha própria coerência e incoerência que me deixa ensimesmada?!

Ao manusear as palavras enfileirando cada uma delas numa frase sempre me pergunto: compensa a exposição? E dessa forma mantenho muitas delas engavetadas para usá-las, adaptá-las ou descartá-las se preciso for, pois no final das contas quem escreve e fala se entrega e nem sempre vale a pena doar-se se ninguém prestar atenção.

Logo, sou pela comunicação genuína e  empática –  não a forçosa, que é especulativa e/ou falsa; sim, eu sou avessa a algumas imposições e a outras posições questionáveis.







segunda-feira, 14 de julho de 2025

Carta póstuma – nunca é tarde para se despedir

 Oiê,

Não estranhe, mas hoje em dia a maioria se cumprimenta assim. Vim falar que quando se foi não tive a oportunidade de me despedir.
Saiba, então, que sinto muito... muito mesmo.
Do senhor herdei o sorriso torto – a inteligência deixei para outros sobrinhos – e o gosto pela leitura que compartilho contigo e esses inteligentes, risos.
Até me assustei quando achei seu livro preferido por um acaso e descobri ser o mesmo meu.
Após uma longa temporada da sua formatura fui a próxima da geração da Mainha a me graduar...
Fiz comunicação na época. Meu irmão e alguns primos se formaram na sequência. E eu depois de alguns anos cursei psicologia.
Não tenho sua genialidade (pois é assim que é lembrado), contudo de acordo com tia Cleusa amo feijão igual o senhor e ela me disse isto faz anos.
Às vezes, me pego pensando nas ideias que a gente ia trocar se sua presença não fosse só memórias. Será que seria progressista ou conservador?
Eu não sei... O mundo está um caos, a esperança é um exercício constante para a humanidade e eu definitivamente sou uma pessoa esperançosa.
Te escrevo, porque quero dizer que segue sendo lembrado. Mamãe, por exemplo, sente sua falta, ela fala de uma afinidade única entre vocês.
Digo a ela que como há melhores amigos vocês foram melhores irmãos e para ela você é insubstituível, como os outros dez também.
Apelidei-a de "bairrista", risos, porque ela é pela família sempre.
E por isto ela é um muro de proteção, uma ponte que une e um abrigo seguro para muitos de nós.
Painho partiu, mas Mainha segue lindona conosco. Teria orgulho dela. Ela é generosa, lúcida e sábia.
Não constituí uma "família" – mas tenho um amor colossal pela estreia do sol aceso na pressa dos dias. A impermanência não só brilha, ela ilumina.
A vida é uma espiral afetiva e a morte um tilintar (palavra que aprendi em "nosso" livro) que não para em quem fica. Como a sua em mim: ela ressoa!


Enfim, saudades...

Marcinha