Gosto muito de ler, não sou uma compulsiva literária muito menos uma leitora patológica... Apenas leio.
Leio nas horas de conforto e nas de desconforto, seja para me encontrar ou perder-me de mim;
Leio pela companhia das palavras mais macias e pela cortante ausência delas.
A verdade é que ler, no meu caso, preenche algumas lacunas e abre vazios – os quais levo a terapia.
Um livro não passa pela minha vida sem imprimir suas marcas alinhadas a esta que vos fala quando escreve.
Por pior – ao meu ver – que seja um livro ele comunica alguma coisa mesmo quando indigesto, difícil ou prolixo.
Insisto com alguns, corro com outros, contudo, com os melhores tenho curtas ressacas e uma boa sobriedade.
Já me perdi, admito, desconheço se falo de fato sobre livros ou sobre amigos.
Coleciono pouca gente, pois como na aquisição de uma obra literária a qualidade vem antes do montante.
Logo me enganei com muitas capas e aprendi a passar do índice sem esnobar o prefácio, isto é, pra compreender mais.
Diferente de muitos minha vida não é um livro todo aberto – sou a favor do spoiler, mas gosto da surpresa.
Dou abertura para novas amizades fazerem seus lançamentos e as velhas suas releituras – ambas com edições.
Também me re/edito. Quem nunca?
Enquanto isto me componho com o folhear da vida: onde minhas páginas avançam consultando as de trás.
Um alívio: sou capa dura e escrevo a mão minha história sem atalhá-la.
Apesar da rigidez externa sou brochura por dentro o que me faz ser estrita em partes, mas fácil e acessível no resto.
Também sou livro e o que disse me contempla: é impossível agradar a todos e isto faz parte da gente.