quarta-feira, 23 de junho de 2021

Gratidão

Diplomática e não falsa. Ponderada e não covarde. Serena e não sonsa. Perspicaz e não malandra... Ás vezes invejosa, ás vezes rancorosa, ás vezes melindrosa. Meio madura, meio imatura – quem não? Assim é a vida, a minha especialmente. Por isto, elenquei primeiro as qualidades (que tenho como outros têm); depois fiz um paralelo com defeitos (que posso assimilá-los ou reavê-los – o que fiz aqui) e encerrei com detalhes que vem e/ou vão... Pois, ao abrigar tantas emoções nessa arena de virtudes, eu que sempre fui ilha virei mar e encharquei a terra, sob meus pés, com a alma grata pelo seu solo mais seguro e fecundo: o amor sem fim.


 





domingo, 20 de junho de 2021

Como se adequar ao amor adequado? 🙃

Cada amor em nós se faz conforme nossa capacidade de suportá-lo. Toda maneira de amar mesmo sem manuais dão indícios do que é preciso para abrigá-la. Este tipo de amor, verídico, comporta todo desejo alinhado a realidade. Não existem margens utópicas quando o cerne é composto de fatos reais e possíveis. No centro de um amor histórico estão os repertórios de vida que o concebe, e nos desfechos de uma relação também.  Alguns de nós, sem nenhum ressentimento, sentem muito o pouco que consentem.  E quando nos conformamos com o amor que recebemos, sem nos deformar por assim permitir, amadurecemos nosso imo abrindo espaço para que outros amadureçam como a gente. Isto gera crescimento e aduba a liberdade; que dá lugar ao que é bom e ao que é importante; para ela fortalecer-se sem tornar-se inadequada.








quarta-feira, 9 de junho de 2021

Segue sua vida...

Ainda lembro quando seu time ganhou a libertadores e você me ligou... Lembra?

Você conseguia tudo com poucas palavras, até fazer eu acreditar que minha voz era mágica...

Hoje eu sei: ela é!

Você foi, o responsável por fazer eu querer experimentar a poesia da vida na prática...

Foi, pois, tive que por um ponto final quando fui notificada que desposou sua mulher.

E com a cisão do afeto evaporou meu lado abjeto para eu nunca mais ser objeto de ninguém.

Mudei: meu corpo mudou, meu cabelo mudou e minha visão de mundo também.

E se estouro aqui é pelo asco que senti quando me enviou uma mensagem esta manhã.

E se não traço seu perfil com detalhes é pela minha idoneidade como cidadã.

O que desejo agora é seguir o meu caminho sem atravessar o seu.

Aprendi que na ponte da vida há duas saídas: eu escolhi a mais sadia ao te esquecer.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Sei que o correto é 'deixa-me', mas, 'deixa eu' te pedir algo:

Deixa eu tratar os afetos insuportáveis que despacho ou abraço;

Deixa eu tomar consciência sem os óbices da resistência;

Deixa eu sumir com a culpa ao me responsabilizar por ela;

Deixa eu resolver os conflitos presentes nos verbos pretéritos;

Deixa eu dizer que a rima não nasce sem o aval da sina;

Deixa eu espaçar minha vida pelo esquadro do momento;

Deixa eu remover das horas vagas a pressão do desempenho;

Deixa eu expressar nesta mensagem minha ode à liberdade.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A evolução da cara de paisagem

Esta não é mais uma crônica de efeito, embora só a sua leitura dirá se te serve ou não o que escrevi. Aqui revelo um modo promissor para algumas (não todas) pessoas, chamado "cara de samambaia" – expressão usada por uma amiga cujo sentido é similar a "cara de paisagem". A lógica deste texto, a propósito, vem do diálogo que a gente teve no qual me  identifiquei como adepta dessa cara. 


Sobre esta, a própria consiste na postura – inspirada em uma planta – que demanda um certo treino, uma observação acurada , um dom trabalhado e uma sabedoria maleável. Depois de aprendida, fato, é inevitável usá-la na hora que alguém saí de si e te ofende, por exemplo. Eu diria que um dos intuitos dessa ação é se tranquilizar, com maturidade, para elaborar a melhor forma de resolver o conflito sem piorá-lo e/ou causar danos ainda maiores.

Ela vem junto a escolha que fazemos quando decidimos se queremos ter paz ou razão. Se você escolhe a paz, saiba: este é o primeiro passo para vivê-la. Todavia, é importante lidar com quem nos aduba, nos rega, nos poda e principalmente quem nos extirpa nos isolando até da sombra. Usuárias dessa cara são constantemente questionadas sobre "como elas dão conta?", a questão é exatamente essa: elas já sacaram que não tem que "dar conta" de tudo, só com aquilo que está ao alcance delas e se ouvir pode ser o ponto chave da percepção, por que não tentar?

Aqui cabe dizer que a cara de samambaia só é efetiva quando a pessoa conhece ou busca conhecer seus processos internos, cônscia das suas limitações e dos vacilos naturais que são postos para todos – até para quem,  desautorizado, vai lá e puxa um pedaço que ainda não amadureceu. Porque possuímos fragmentos em formação, e prematuros, que estão enraizados a fim de crescerem no seu tempo e com sua identidade.

Samambaias são longevas –  crescem com as crianças e amadurecem com os jovens, avançando a fase adulta com seu folhecer e força; são uma amostra da natureza sobre a paciência que devemos ter com a gente e com os outros. Logo, o acesso ao amor mais humano de todos: o próprio – faz esse carinho ceder aos demais uma parte única sua: a gratidão.







sábado, 5 de junho de 2021

Receita para vida


 Não tenho paciência com quem não me conhece e acha que sabe muito a meu respeito – a maturidade lapidou essa impaciência para eu não explodir. Hoje, por mais que me alongue para ser tolerante; com quem leva, traz, paralisa, distorce e atrasa; ainda consulto a receita antiga sem ferventar as ideias. No passo a passo da afinidade, escrevi o segredo da afeição usando a solidão de tempero – assim não desperdicei nada do que vivi. Daí o gosto inconfundível da vida feito de sabedoria, respeito e perdão – tudo isto aquecido no mais grato amor, servido nas travessas da compaixão.