quinta-feira, 16 de junho de 2022

Desejo

Eu que esperava um certo cambalear a dois;

Que desejava partilhar a embriaguez com você.

Eu que vi o rasante do verbo glote a fora;

Que acatei a pureza do seu bendizer.

Eu que desaprendi a amar essa sabedoria toda;

Para poupar a ignorância de admirar-te outra vez;

Eu que escalei a estupidez com o fôlego mudo;

Alei com o impulso do seu adeus e voei.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Confiança

Confiança –  possível sinônimo de fé – em quem excede a presença física; denota amor ao dividí-lo; e até em si próprio. Esta última, ensimesmada, titubeia às vezes – como se o pendular da alma vibrasse noutra frequência que não a do corpo. A pergunta, a ser feita, é: qual a probabilidade de proteger a autoconfiança? Por outro lado só que no mesmo caminho: quem ombreia os que escutam, quem confirma os que reforçam e quem se prontifica ao pronto? Então a gente abre ia internet é há textos e textos motivacionais. A sensação que dá é de uma vitrine da alegria a todo custo. Haja contradições; haja distorções. Logo, entram as poesias, após elas saírem dos poetas, com alvará ético e poético. Já nem sei mais se compensa escrevê-las. Penso na força de uma redação esculpida a lágrimas e emoções brejeiras, penso no impacto delas em quem lê esse pacto que sela sentimentos singelos. E aí a vida me desperta para a solitude sem inflá-la com o romantismo das palavras, me acorda a contemplá-la emudecida, me levanta para fortalecer meu imo abastecido e responsivo. De repente,  há o salto da timidez para a alegria genuína, já não é necessário camuflá-la e sim aferir a paz que alojo para compartilhá-la ou não.  E que bom multiplicar momentos felizes sem o esquadro da mágoa, que bom dar o que possuo sem desdenhar ninguém, que bom ser eu – avaliando meus (tre)jeitos, para não prejudicar os mais caros afetos com meus predicados inofensivos ou vis.