Olá, como você está? Eu sei que essa perguntinha, com viés fenomenológico, te emociona. Vim compartilhar contigo um pouco da sua vida aos 38 anos. Foi bem intenso a primeira metade de 2022. Era o final do curso de psicologia e seus ideais se fundiam com a esperança de um mundo melhor para cada uma das pessoas que amava. Amar sempre foi o mote dos seus textos; já da sua vida – ao menos por hora – confesso que tenho minhas dúvidas; a senhorita é muito intensa. Enfim, o incrível de ser uma mulher de quase 40, nessa época forjada por notícias falsas vindas de todos os lados, é a força da verdade em cada um dos seus atos. Não sei como que isto funciona em 2052, só que aqui de onde escrevo tudo é muito polémico e pouco dialogado. É como se as pessoas tivessem medo de se colocar sem retirar da conversa o tom irônico utilizado como ferramenta de argumentação que na maioria das vezes hostiliza e humilha o outro. Isso foi parte da sua peleja, então, torço para sua vitória em prol do respeito que tanto lutou. Houve, sim, um tempo em que fora bem diplomática, polida e quase nada cínica (porque todos nós somos um bocado), só que como fruto dos seus muitos anos de terapia individual, manteve-se empática sempre que possível. Admito que a simpatia sempre foi seu fraco, todavia a empatia o seu forte. O exercício de se colocar no lugar do outro foi fundamental para superação dos seus maiores adversários: o medo e a carência. E ser carente foi imprescindível para constitui-la potente como é. Ou era? Espero que continue... Aos 38 você era, como dizem, “fora da curva”. E só para lembrá-la: seus três sobrinhos lindos, dois gêmeos e uma garota, têm respectivamente 10 meses e 4 anos e meio. A melhor pessoa do seu ciclo se revelou bissexual e casou-se com outra mulher (fantástica por sinal). O presidente vigente é uma lástima. O Dudu e a Luna completam 12 em breve. Seu carro precisa de uma revisão urgente. Você escreve quase todos os dias, embora não leia o quanto gostaria. Ainda segue solteira, desempregada e nada acomodada. Não sei se conseguiu, mas estava nos seus planos adotar uma criança de seis antes dos 50. Sua psicóloga tem sobrenome italiano e é maravilhosa... E sua mãe canta lindamente. Tudo que mais almejou na vida era ter saúde, contudo anela mesmo é por paz. A serenidade dispensa esse “bem-estar” distorcido que pessoas usam, às vezes, nas redes. Por falar nisso, como vai a vida online? Só para saber: tirou o período sabático que queria longe das fofocas? Você adorava as novidades dos famosos, a gíria presente para os burburinhos é “bafão”. Interessante, todavia, é que nunca foi fofoqueira, talvez por ser bem tratada se tratando bem; o que assanha sua curiosidade mesmo são as fases do silencio que a constituí. É como se as camadas de afeto despejados em suas poesias surgissem do seu lado mais contido e tímido. Só quem te conhece sabe... e como sabe... Basta segurar na sua mão para te fazer vibrar. Abraçá-la, então, ativa seu pseudônimo preferido e não cabe dizê-lo aqui para poupar seus leitores. Como você se ama; e esse autoamor te emancipou para uma interdependência, cuja reciprocidade vive no convívio com seus pares, que te confirma como autora da sua história. Muita gente te acha metida por isto – dane-se, reforço positivo é vida e reforçar-se é uma benção. Tomara que o futuro tenha sido generoso e gentil contigo e você com ele, sem afobá-lo para juntos salvar o mundo. O mundo não precisa de salvação, ele precisa de transformação e se manteve-se calma, terá sido agente desta ação transformadora que o planeta pede.
Quando puder me responda. Estamos juntas.
Carinhosamente
Márcia Japiassú