domingo, 25 de abril de 2021

Sem fofocas, ok? 


É oferecido com o segredo a confiança
(o que a freia é o que compõe o sigilo até prová-lo de fato).
Uma confissão pede um ouvido carinhoso para uma fala  tensa.
A pessoa presa no medo vê na brecha da intimidade um alívio; já a corajosa não vê empecilhos nisto – elas arriscam (não que isto seja sempre bom).
Pois, um pouco de neura revela um grau de saúde quando parcimoniosa.
A lealdade pega carona nesta conduta amorosa de dar sua melhor escuta a pior versão de alguém – sem julgar (penso eu)...
Sem estremecer a comunicação...
...Sem FOFOCAS (ok?) ...

E isto pede perguntas, não para remoer o passado ao evocá-lo com nossas questões e sim para achegar-se ao presente com afeto e paz;
Isto pede uma devolutiva ao se certificar que compreendeu bem e uma réplica se assim aprouver.
Não nos cabe propagar um segredo ao culpar quem amarrou-se nele; nos cabe escutar/ajudar e salvo algumas exceções, procurar ajuda por quem não consegue sozinho;
Cabe a nós não espalharmos boatos que nos priva de retribuir com nossas atitudes a revelação de alguém e compete a nós, também, sermos um canal de vida e não de sofrimento atrelado ao desamparo.

 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Bem melhor sem você

 Eu que escorreguei em seu riso

(na esquina da boca entre lábios) ;

Que consumia seus pensamentos,

Sediei seus surtos nos meus... 



Eu que era bem cara a sua alma,

Cobiçava o véu sobre ela;

Que confundia lições com lesões,

Gabei a atenção que ganhei... 



Eu que inflava ao ouvir "te amo";

Sentia o ódio sob o desdém;

Quando o vi distorcer minha fala,

Almejei não ser como és...


Eu que sossegada só escutava,

Admirava seu poder e saber;

Logo, percebi-me aliviada,

Bem melhor sem você.

 

 




sexta-feira, 16 de abril de 2021

Como os demais

Não promovo uma cultura insustentável (eu acho), 

tão pouco absoluta (tento); 

Não conto a soberba seu estopim (pondero);

Não entrego-me a tramoias e transtornos (enfrento);

Não há refil para coragem sem verdade (constato);

Não escalo o pavor ao invés do amor (percebo);

Não edito o caráter análogo a vida (conservo);

Não abafo a estupidez sem tratá-la (encaro);

Eu beiro a astúcia é no silvo da pausa (concluo)

E a reforço no remanso dos sábios (escrevo).

sábado, 10 de abril de 2021

Em memória

Hoje, nada destrona tamanha tristeza – até o amor desmanchou-se ao vê-la...

Nenhuma lágrima ficou engasgada...

Toda dor acumulada se fez presente e até a alegria rendeu-se a ela...

Nenhum clamor foi silenciado...

O susto deu seu grito, o choro ganhou voz – sofrer foi permitido.

Nenhum arranjo foi feito ou desfeito...

Todos mui abalados perderam a estrutura – não é preciso estar tudo bem se está mal...

Deixa a melancolia que te consome correr os dias embaçados pelas feridas;

Deixa o tempo amadurecer esta infinita saudade cuidando das nossas crises;

Deixa a sua voz encalacrada chorar o horror da perda injusta e precoce;

Hoje, nada macula a angústia – até a liberdade escolheu o luto e depois a luta.



Força

Existe uma força dentro de mim que espelha a bravura e o medo que me fortalece;

Uma força sensível às respostas da vida que me leva a abster de toda angústia sem abonar a tristeza;
Uma força que me protege das alfinetadas que recebo e dou na surdina; Uma força que repele quem não se/me  interessa; 
Uma força que defende os finais neutros mais que os felizes...
E é esta força que tampona a ausência de sentidos agora;
É esta força que me desabriga do relento da (co)dependência;
Uma força indomável e coerente com a fraqueza que me faz abastada e carente!
Força esta que se expande e se encolhe na presença de outra força semelhante;
Força disforme, flexível e sem nome ou sobrenome!

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Nos meus termos

Tenho usado com frequência minha poupança de amor-próprio. Os juros do desamor estão tão altos que requerem de mim um investimento que só eu posso fazer.  Quando ouço sobre o vazio existencial, que acomete os poetas, eu me pergunto: onde estará o meu? 

Sou afortunada de certezas sobre os sucessos e principalmente fracassos vindouros; uso de máxima franqueza com minhas fantasias ao apostar no desfecho mais sóbrio possível para mim – o conforto do anonimato. Lócus que ocupo amparada pela diversidade que me cerca.

Estou no cerne da solitude margeada pela solidão e nada disto é gatilho para a tristeza, pelo contrário, tudo isto dispara meu bom humor. O que cientificamente é questionável já que há inúmeras hipóteses comprovadas sobre a importância das interações sociais.

Mas, hoje falo de um lugar sereno sem averiguar se me encaixo nesse pragmatismo todo; hoje, abrigo minha vida no encontro das palavras afetadas pela essência de quem se troca comigo enquanto me troco com a pessoa.  E tudo isto aquecido nos conflitos que nos formam enquanto parceiros no “crime’ e no amor (uma contravenção afetiva para introspectivos como eu; um jeito meu de pertencer a este mundo que, ainda bem, é muito seu).