sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O esboço de toda a minha gratidão.


O ano voou? Revoei e escrevi. Pus meu lado avoado para alar e senti com a velocidade das palavras o disparo da vida. Logo, quando houve a reação veio a redação. E embutida nela está como eu reajo a visita de vocês. Onde alguns veem números, vejo leitores, vejo aqueles que me confirmam e me inspiram. Daí, não teria como ser diferente, neste texto contém o esboço de toda a minha gratidão, cuja forma final desconheço, mas, caminho para encontrá-la. Obrigada, a você que é meu conterrâneo e vive aqui ou em outro país, a você que não é brasileiro e me acompanha da sua terra natal ou onde mora e é seu lar. Seja qual for sua localização, estejam seguros, sobretudo – firmados a um amor potente e abrangente repleto de saúde, empatia e paz.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

O dia que andei para trás

Com a técnica da vida desprovida de assistência além da revelada na prática, os anos andam sem teoria para embasá-los. E isto não é ruim, apesar de não haver um manual ou tese para maturidade; há escuta, lições, diálogos e até fracassos. Talvez o sucesso do envelhecimento dependa um pouco de conter a frustração para poder elaborar a experiência. Aqui, o tempo não é invalidado por passar e sim legalizado. 

Quanto a isto, as olheiras de molho sob meus olhos sustentam olhares admirados: os que me encantam com o efêmero do momento suspenso pela sua intensidade e foco. Assim aprecio os detalhes – que aproximam ou esnobam quem supõe dar conta de uma "pseudo" paixão desfeita pelo impacto da distância.

Constatei esta máxima ao dar dois passos atrás para sinalizar minha indisposição a um flerte. Não por desinteresse e sim pelo susto. O inesperado, às vezes, me surpreende outras me espanta – gera um estranhamento parecido com repulsa, só que não é. Afastar pode sinalizar inclusive cuidado. Reconhecê-lo é uma forma de emancipação dos meus afetos neste contexto de descoberta – depois de uma temporada quase intacta, recuo sem julgar-me por crescer devagar, todavia, madura e bem ousada.





domingo, 27 de novembro de 2022

Espelhos

Nunca sediei dentro de mim os assédios que sofri – foram eles escritos ou despejados na escuta dos terapeutas (pessoas essenciais tem horas). Se hoje compreendo que em certo grau todo mundo pode ter uma postura tóxica e abusiva meu parâmetro comportamental são as críticas que teci as minhas próprias experiências. E dá-lhe autoperdão e perdão.


Certas relações, as mais complexas, me condicionaram para o simples que habita em todos (e sem querer, de vez em quando, saio do meu – risos). Não fico por aí lixando as pessoas, vivi o suficiente para saber que custa muito quando  tentam arranhar sua imagem, isto é, pelo fato de te levar a extrair do seu caminho quem obstrui e perverte ele; normalmente um desafeto que um dia você – como eu – amou e estimou. É aquele velho adeus que a gente dá cravado no desapego e indiferença repentina. Sabe?!

Não tem como customizar uma verdade, porque ela vira uma mentira. Assim como isto é revelador, revela desamor. Aliás, mesmo a omissão mais honesta – e bem intencionada –  vaga entre a sabedoria e o engano. Falo daquilo que a gente esconde no desdém que, às vezes, demonstramos.

É muito cômodo ser fútil, a futilidade compõe a vaidade de quem ignora sua contribuição a seus relacionamentos ao se eximir da responsabilidade e coautoria de uma resenha afetiva que não se narra só; pelo contrário, alinha-se ao coração do outro ligado a válvula do amor em dois (ou mais). 

Não objetivo persuadi-lo ao carinho comedido; esta é uma ode ao respeito sem parcimônia – aqui o convido a se respeitar sem despeito e o convoco a jamais desrespeitar os demais; no meu ver, apesar de distintos, somos espelhos e mostramos o mundo (com o qual nos comprometemos) fora e dentro de nós.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Nos dias de hoje – um texto "ilógico" risos

Tem muita coisa bonita de ler que foi desagradável de viver... Penso que uma mensagem comovente, pelo ponto de vista da lógica – por exemplo – pode não ser facilmemte assimilada devido o "excesso" de emoção, por vezes, rejeitada pelo discurso mais "racional" de alguns... 

Enfim... Aos meus olhos, os emotivos galgarão espaços ainda melhores, até por acomodarem ou incomodarem vilas – inteiras – alheias aos estádios lotados de ódio. Lugares onde se convocam um tipo de amor voraz que jorra força e colhe calma; ou um pacífico que simplifica o bem sem ignorar a orla. 

Não sei se a "lógica" abrange o que escapa de uma poesia, de vez em quando, assimétrica; ou se ela escudeia quem se esconde atrás do seu raciocínio – apenas um adendo para manifestar toda minha admiração a quem banca o raciocínio lógico: vocês são incríveis! 

Sei que um sentimento, às vezes, não se reduz aos versos que, SIM, nos conduzem aos atos guiados por zero ilusão, exatamente, por compreender – ao permitir-se afetar – que certos conflitos pedem soluções rápidas, não explicações profundas, e isto, destoa da fantasia, de poucos, que poetas (como eu) não raciocinam sem uma racionalização poética; ao contrário, mesmo a dor abriga sob um guarda-chuva ético o cálculo de suas contradições. 

Não sou negligente com as palavras, minha inteligência está no que elas de fato são (para mim) e não no que querem que sejam: tapadas como dizem, ao invés de emocionadas como as escrevo – conforme, hoje, sou e um dia fui.






quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Acolhimento

Acolha suas escolhas...

Não se encolha,

Para que não te recolham,

Ao tentarem colher o que é seu...

Sem escolhas não se recolha,

Escolha te (a)colher,

E não encolha quem te acolheu.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Aprender

Cabe a cada um de nós aprender a se escutar com o humor afetado pelo momento; aprender a acolher a dor sofrida que, às vezes, se manifesta sem aviso; e aprender a se mover em meio aos conflitos e seus prejuízos sem invalidar seus atravessamentos ou, o contrário, cultuar seus problemas. Isto resgata o amor embalado pela cautela de perceber-se parte de relações que abrigam pessoas distintas, porém ligadas ao repertório uns dos outros; isto viabiliza o pertencimento a um núcleo amoroso enredado pela vida em comum e respeitosa com os demais e consigo, inclusive com as oscilações presentes tão complexas e simples de tão significativas que são para eu, você e mais.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Fique bem

Não há nada tão valioso dentro de você do que sua essência. A vida como uma costura de repertórios não elimina o agora e é para ele que te convido olhar. Mais do que aquilo que se apresenta em primeiro plano, onde – de repente – não há foco suficiente, ali há pistas do lugar que ocupa na teia de relações que o constituí e, às vezes, por transcender amor, pode enroscar-se. O que é compreensível até pelo cuidado com quem ama, além de acontecer em inúmeras famílias. Por favor, acredite em mim: é preciso encontrar o maior achado de todos na raiz de seus afetos por si mesmo, onde a lâmpada da vida acende ou reacende sua luz. E creia: a reflete, porque, tanta gente a contempla ao falar contigo, como também enxerga a pessoa potente e fantástica que é. Se a ansiedade bater e o controle dos eventos ao seu redor se esvair, respire – não podemos nos esquivar e proteger de todos os imprevistos, contudo devemos nos perceber e acolher sem nos culparmos ou martirizarmos por eles. E é nesse processo que reside a mudança anelada, quando não abraçamos as ações e reações do outro como se fossem nossas e sim nos apropriamos de como agimos enquanto agentes de transformação a começar pela mudança em nós – tal qual diria o clichê: "um passo de cada vez” – e assim ficamos bem. Então, fique bem.


terça-feira, 19 de julho de 2022

Evolução

Entrego um olhar carinhoso quando, calma, volto do cerne da divergência cuja afronta me estimula a pensar. É como se as pálpebras fossem um portal até o imo, induzindo o silêncio à introspecção. Difícil é colocar na caneta como escuto ao poupar com gentileza a voz, preciso desmontar certezas. Garantia, mesmo, só de que a ira é aplacada por um de nós em encontros sazonais e dentro da ouvidoria da alma onde interajo com os mais leais sentimentos, ali, compartilho reflexões.

sábado, 16 de julho de 2022

Esvoaçadas

Não é porque movimento as palavras que sou movida por elas. Tenho mais vícios de imagem do que de linguagem. Não mergulho nos ruídos como me inundo nos silêncios. Tem horas que sou só uma piscada e outras que sou uma janela aberta. Eu gosto é mesmo de ser porta escancarada, movida e comovida pela passagem dos ventos e por meia dúzia de frases esvoaçadas.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Desejo

Eu que esperava um certo cambalear a dois;

Que desejava partilhar a embriaguez com você.

Eu que vi o rasante do verbo glote a fora;

Que acatei a pureza do seu bendizer.

Eu que desaprendi a amar essa sabedoria toda;

Para poupar a ignorância de admirar-te outra vez;

Eu que escalei a estupidez com o fôlego mudo;

Alei com o impulso do seu adeus e voei.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Confiança

Confiança –  possível sinônimo de fé – em quem excede a presença física; denota amor ao dividí-lo; e até em si próprio. Esta última, ensimesmada, titubeia às vezes – como se o pendular da alma vibrasse noutra frequência que não a do corpo. A pergunta, a ser feita, é: qual a probabilidade de proteger a autoconfiança? Por outro lado só que no mesmo caminho: quem ombreia os que escutam, quem confirma os que reforçam e quem se prontifica ao pronto? Então a gente abre ia internet é há textos e textos motivacionais. A sensação que dá é de uma vitrine da alegria a todo custo. Haja contradições; haja distorções. Logo, entram as poesias, após elas saírem dos poetas, com alvará ético e poético. Já nem sei mais se compensa escrevê-las. Penso na força de uma redação esculpida a lágrimas e emoções brejeiras, penso no impacto delas em quem lê esse pacto que sela sentimentos singelos. E aí a vida me desperta para a solitude sem inflá-la com o romantismo das palavras, me acorda a contemplá-la emudecida, me levanta para fortalecer meu imo abastecido e responsivo. De repente,  há o salto da timidez para a alegria genuína, já não é necessário camuflá-la e sim aferir a paz que alojo para compartilhá-la ou não.  E que bom multiplicar momentos felizes sem o esquadro da mágoa, que bom dar o que possuo sem desdenhar ninguém, que bom ser eu – avaliando meus (tre)jeitos, para não prejudicar os mais caros afetos com meus predicados inofensivos ou vis.

sábado, 28 de maio de 2022

Às pessoas lindas e curvilíneas,

Se o seu espelho refuga as histórias por trás da sua coleção de curvas; se ele julga suas formas como inapropriadas para o sucesso; se te pesam pelo peso da alma revestido de amor-próprio; você precisa saber que o autoamor não se prende a balança ou a fita métrica. Deparei-me, há pouco, com uma situação de gordofobia velada... Fiquei triste, respirei e disse: dane-se. Sigo satisfeita com o corpo que reveste minha essência; minhas dobras mais salientes não refletem uma carga emocional... Ao contrário, dou descarga em todo preconceito e rejeição. A mágoa até toma a forma estreita da estupidez de alguns. Sei que nem todo gordo percebe-se como, geralmente, me percebo: singular. A muitas mulheres isso é gatilho, elas se sentem indesejáveis. Apesar de seguras e sedutoras; somos impactadas pelos moldes comerciais. É preciso ter cintura fina, barriga chapada e um certo glamour – ouvimos; daí se enquadra, participa, pertence e eles te incluem – dizem; motivo pelo qual você se adequa, adapta, conforma e se expõe (será?). Aí, de repente, é convencido pelo ódio e vira refém de toda essa amargura. Desejo, pois, que: a gordurinha do amor extravase, unte os corações mais ressecados que te julgam e besunte de compaixão suas veredas e curvas mais leais até aqui.

Fiquem bem.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Para ler daqui trinta anos,

 Olá, como você está? Eu sei que essa perguntinha, com viés fenomenológico, te emociona. Vim compartilhar contigo um pouco da sua vida aos 38 anos. Foi bem intenso a primeira metade de 2022. Era o final do curso de psicologia e seus ideais se fundiam com a esperança de um mundo melhor para cada uma das pessoas que amava. Amar sempre foi o mote dos seus textos; já da sua vida – ao menos por hora – confesso que tenho minhas dúvidas; a senhorita é muito intensa. Enfim, o incrível de ser uma mulher de quase 40, nessa época forjada por notícias falsas vindas de todos os lados, é a força da verdade em cada um dos seus atos. Não sei como que isto funciona em 2052, só que aqui de onde escrevo tudo é muito polémico e pouco dialogado. É como se as pessoas tivessem medo de se colocar sem retirar da conversa o tom irônico utilizado como ferramenta de argumentação que na maioria das vezes hostiliza e humilha o outro. Isso foi parte da sua peleja, então, torço para sua vitória em prol do respeito que tanto lutou. Houve, sim, um tempo em que fora bem diplomática, polida e quase nada cínica (porque todos nós somos um bocado), só que como fruto dos seus muitos anos de terapia individual, manteve-se empática sempre que possível. Admito que a simpatia sempre foi seu fraco, todavia a empatia o seu forte. O exercício de se colocar no lugar do outro foi fundamental para superação dos seus maiores adversários: o medo e a carência. E ser carente foi imprescindível para constitui-la potente como é. Ou era? Espero que continue... Aos 38 você era, como dizem, “fora da curva”. E só para lembrá-la: seus três sobrinhos lindos, dois gêmeos e uma garota, têm respectivamente 10 meses e 4 anos e meio. A melhor pessoa do seu ciclo se revelou bissexual e casou-se com outra mulher (fantástica por sinal). O presidente vigente é uma lástima. O Dudu e a Luna completam 12 em breve. Seu carro precisa de uma revisão urgente. Você escreve quase todos os dias, embora não leia o quanto gostaria. Ainda segue solteira, desempregada e nada acomodada. Não sei se conseguiu, mas estava nos seus planos adotar uma criança de seis antes dos 50. Sua psicóloga tem sobrenome italiano e é maravilhosa... E sua mãe canta lindamente. Tudo que mais almejou na vida era ter saúde, contudo anela mesmo é por paz. A serenidade dispensa esse “bem-estar” distorcido que pessoas usam, às vezes, nas redes. Por falar nisso, como vai a vida online? Só para saber: tirou o período sabático que queria longe das fofocas? Você adorava as novidades dos famosos, a gíria presente para os burburinhos é “bafão”. Interessante, todavia, é que nunca foi fofoqueira, talvez por ser bem tratada se tratando bem; o que assanha sua curiosidade mesmo são as fases do silencio que a constituí. É como se as camadas de afeto despejados em suas poesias surgissem do seu lado mais contido e tímido. Só quem te conhece sabe... e como sabe... Basta segurar na sua mão para te fazer vibrar. Abraçá-la, então, ativa seu pseudônimo preferido e não cabe dizê-lo aqui para poupar seus leitores. Como você se ama; e esse autoamor te emancipou para uma interdependência, cuja reciprocidade vive no convívio com seus pares, que te confirma como autora da sua história. Muita gente te acha metida por isto – dane-se, reforço positivo é vida e reforçar-se é uma benção. Tomara que o futuro tenha sido generoso e gentil contigo e você com ele, sem afobá-lo para juntos salvar o mundo. O mundo não precisa de salvação, ele precisa de transformação e se manteve-se calma, terá sido agente desta ação transformadora que o planeta pede.

Quando puder me responda. Estamos juntas.

Carinhosamente

Márcia Japiassú

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Minha cara,

Lembrei de ontem e resolvi enaltecer sua coragem, até pela força que tem. É como se você elevasse os níveis a serem alcançados. Como defini-la diferente de valiosa? Não tem como. Tudo que te envolve é grandioso: sua persistência, excelência, empatia,  acolhida, seu cuidado, a forma como se coloca e até como se afasta. Sabedoria seria o codinome mais apropriado para uma alegoria a seu respeito. As metáforas da vida, contudo, fogem muitas vezes do escopo original, no seu caso, permeado pelo esforço de uma vida com um futuro brilhante pela frente, porque te conheço e sei da sua competência e potência. Cônscia de que o tilintar das horas não param; que o silêncio do tempo ecoa na nossa trajetória; sei que nessa maratona chamada vida um minuto vale muito ao longo da disputa. Com quem, então, competimos? Seria a ansiedade, com seus efeitos ansiogênicos, um concorrente? Ou seria ela um obstáculo/um ruído a ser vencido? Não vencemos, nós, nossas angustias nas escutas nada à ver (para os outros) regada a coca-cola, água com gás, chopps e café? Compreendo por tanto, no convívio contigo cujo fazer ilibado de tão magnífico, que os percalços da vida são cruéis e, por vezes, nos privam de alcançar aquilo que é nosso por direito. O justo e o melhor, pois é isto que está reservado para você. E não serão palavras duras ou ríspidas, de quem quer que seja, que irão privá-la de alcançar seus objetivos. Estou ciente de que a situação econômica atual não está fácil para a maioria, porém confiante de que viveremos dias primorosos. Noto que os contratempos até compõe nosso repertório no contexto vivido, só que isso não é o desfecho... Na verdade, olho para você e vejo sua determinação perfumar seus êxitos com o aroma do sucesso. Pois, é para isto que você luta com afinco e eu torço com fervor, para que concretize todos os seus planos – um por um – sem exceções.





domingo, 15 de maio de 2022

Feliz dia da família

Quem pertence a sua família encontra cuidado e respeito nela? Qual a função de cada um de seus membros? Existe companheirismo ou só ordem? Minha mensagem, abrange laços sanguíneos, de alma ou mistura tudo; transmite igual o afeto que constituí quem é herdeiro ou criou-se diferente. Assim, como refletora de um amor franco, defendo a superação dos desafios até as conquistas. Sei, contudo, que é dureza viver a equidade em um mundo injusto como o nosso. Então, desejo que na sua parentela: você encontre apoio, inclusão e aconchego; e que no seu legado esteja o diálogo cheio de empatia. Eis meus votos para as nossas famílias: sabedoria farta, bravura atenta e mansidão constante.


💞









quinta-feira, 12 de maio de 2022

Meu jeito de amar

Apenas difícil e nem por isto mau, nem por isto arisca ou fingida. Uso palavras que perfuram silêncios e falo coisas que contornam pensamentos. Sou prática sem referencial para citar-me. Passional, acelero o coração dilatado e como ventrículos da alma bombeio. Vivo similar a uma estátua: sigo oca ou ocupada... Sei que escapam os detalhes no susto e o pouco que fica engaveto. Revezo amor e ódio espaçados no peito – já sei alterná-los do meu jeito.









quarta-feira, 4 de maio de 2022

Meu bem,

Quando recebi sua mensagem, hoje, fiquei mobilizada e se contextualizo minha reflexão nesta carta aberta é por supor que ela talvez alcance mais criaturas lindas em situações análogas a sua. No primeiro momento pensei: logo ela? Esforçada, sagaz, organizada e EXCELENTE – em caixa alta de propósito. Mas, o fato é que "essas coisas" não escolhem a gente e calma, a gente também não escolhe elas. E tudo que pensei desde que nos falamos foi sobre frustração e como esta impacta nossa vida. Sei que quando olha para toda sua labuta e atual conjuntura do mercado fica triste. Isto, porém, não anula o ser humano potente que é. Daquelas aulas lindas que a gente leva para vida ficou uma que trouxe "os sintomas" da depressão como um sinal interno de que precisamos procurar ajuda, na época a professora ilustrou a homeostase (busca pelo equilíbrio e harmonia) com o exemplo da febre que também dá notícia de algo que precisa ser melhor investigado e cuidado para que o corpo se equilibre outra vez. Penso exatamente assim e penso que o luto pela falta que os resultados esperados fazem podem sim abalar nossos propósitos e essência. E você não tem do que se envergonhar. Gostaria muito de afinar o que sinto com o que escrevo, para que entenda que não escrevo bem, permita-me discordar – eu simplesmente coloco meus sentimentos em uma narrativa que os espalha até chegar aos olhos de quem lê.  Te amo e por amar decidi escrever "meu bem" ao invés do apelido carinhoso que a chamo, só para preservá-la.  É um direito seu enfrentar tamanho sofrimento psíquico sem ser exposta. Se eu pudesse palpitar, contudo, falaria: escove os dentes (não se esqueça), esvazie sua agenda de vez em quando, ao longo do caminho trate de se tratar ao ser tratada (certeza que compreende) e sobretudo lembre-se que não está só, há uma rede que te ancora e eu sou um pontinho nessa teia de afetos e acolhida que você precisa e merece. A propósito, descabelada ou chiquérrima a senhorita segue sendo estupenda – nunca duvide disso. Como digo, estamos juntas e conte comigo. No meu ver nossa amizade é pavimentada no respeito – tudo que nutro além do amor por quem tu és.



Da amiga.


Marcinha

domingo, 1 de maio de 2022

Utopia?

Acordar e fazer da disposição desperta meu guia. Acreditar que a rotina e o improviso alinharão meu cotidiano; e que nele costurarei resultados imediatos ou lentos sem desmerecer o processo. Para, desse modo, evitar depreciar quem sou e quem me cerca; acolhendo sempre as virtudes da imperfeição que me constituí enquanto pessoa. E assim, sem máscaras ou capas heroicas, viver minha humanidade afetada por gente como a gente, onde nosso ponto em comum abraça e não afasta quem se abre para pensar com tantos outros como eu – sem ironia e melindres... Alguns chamam isso de utopia, eu prefiro respeito. 

domingo, 10 de abril de 2022

Anoitecida

Eu, às vezes, anoiteço quando o sol raia. De vez em quando, amanheço solar, mas, constantemente desperto e não acordo aquilo que dormita ao longo do dia. Levantar? Levanto! Sou craque em soerguer sonhos. Minha vaidade onírica não pede realização, pede ponderação. Sofro o impacto das emoções que sirvo, não costumo assimilá-las sem peneirá-las. Dos crivos que me filtram sou o mais ligeiro e se me julgo forte é pelo silvo da fraqueza ligado desde sempre. Como sei que o assobio do fracasso apita a derrota, desconheço outro alarme do sucesso que não a vitória – a conquista de si próprio; do seu território interno. Sou, assim, o cochilo bordado às margens do sol; a tarde estrelada em meio a um lual; o solo refém do tempo e seus contratempos!








sábado, 2 de abril de 2022

O que mudou?

Hoje olhei para esta foto e pensei: de lá para cá o que mudou? O cabelo? O peso? As tatuagens? Um estilo mais contido, quem sabe? O que levo de onze anos atrás? E qual a marca eu deixei ali. É inevitável olhar para fotos antigas e não me emocionar. Não, senhorxs,  ainda não comprei minha casa própria, não me consagrei poetisa, não tive os filhos adotivos que planejei, não encontrei o ativista poliglota que curte stones e venera caretas de café sem doce em esquinas nada à ver.... Sou a mesma adepta da "escritoterapia" – escrever é lacrimejar palavras para não perder o pouco ar dos meus pulmões. Como minha caneta fala e tem longo alcance... Não é a toa que economizo voz para doá-la a um texto costurado em minha timidez. É como se eu removesse do embotamento a pobreza que nele há para bordá-la com tintas valiosas aos olhos de quem lê a alegria que sinto ao escrever. Aprendi a me humildar, a soberba tornou-se um estorvo. Arrogar algo demanda um domínio e um controle cheio de autonomia que eu nem de longe alcancei e tudo bem. Encontro colo aqui: onde abrigo minhas frases gordas de amor sem restrições. Talvez seja isto que ficou: a comoção, o prazer e a vulnerabilidade ao vivo em meus (con)textos. 





sexta-feira, 1 de abril de 2022

Sou

Sou povoada por solidões e solitude;

Aqui dentro comporta as escolhas que fiz e suas consequências.

Sou lacrimal, sorridente, (im)potente...

A estampa do meu rosto, às vezes, desbota meu sentimento.

Sou abrigo da calma sob a pele trêmula.

Eu só balizo o ódio quando o cambaleio.

E se atribuo ao amor outros predicativos é para não disperdiçá-lo com sacrifícios.

quinta-feira, 31 de março de 2022

Contar ou fazer história?

Nunca fui boa de #storytelling, contar história é fácil difícil é fazê-las. E talvez por isto eu tenha resetado a ideia de que deveria construir uma grande rede de contatos. Como se criar vínculos fincados no propósito de fazer história fosse ético aos meus olhos e aqui eu falo de uma ética muito própria minha. Pois o seu #storydoing nem sempre será análogo ao meu. Haverão aqueles com facilidade de adaptação as adversidades da vida, outros com dificuldade, alguns agindo atrás das cortinas, muitos sob a luz dos faróis e até quem prefira ouvir conselhos, enquanto, outros apreendem na marra e nem por isso são orgulhosos ou menos capazes – quem sabe distraídos e obstinados?! O que realmente fez a diferença na minha vida foi quando reverti toda comparação – que eu fazia – em reparação e tratei de acolher minha vagareza no lugar da pressa imposta e aclamada.  Talvez um dia eu seja proeminente em alguma coisa, talvez não. A esperança me apetece mais do que a ânsia e se for para depositar algo de valor nesse mundo tão ambíguo que seja a expectativa de melhorá-lo. O que descobri? Que nada é permanente em uma era dinâmica como a nossa, contudo, podemos pertencer a geração que faz as histórias contadas acontecerem por meio de atos aninhados por nossa estrutura.









 







































 

 

 

sábado, 26 de março de 2022

Oremos

Que minha introspecção não abale minha cólera;

Que minhas certezas não demovam minhas indagações;

Que minha intensidade não barre a empatia e seus emissários;

Que minha desconfiança não transforme em paranoia a fé que me pertence;

E que minhas marcas não espelhem os palácios do meu imo às margens da pele.



terça-feira, 15 de março de 2022

Visão (sem correções)


Do dia que me esparramei no sofá, desalimhei meus quadros nesta foto, e espichei minhas ideias e coluna no aconchego de almofadas queridas. Troquei o autorretrato de sempre pela visão da janela encantoada na sala que cochilo, estudo, danço, brinco e assisto. Este registro é só um refresco chuvoso e não molhado desse clima acinzentado e agradável, combinando com a perspectiva. E aí jaz a desperança e seus males evadidos pelo contato e desejo de lidar com meus dissabores sem temê-los; aí velo os pensamentos mais nobres para acordá-los no futuro com a coragem diletante achada nos valentes cheios de coerência. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O poderoso e empoderado

Eu que não 'tenho' poderio sobre bens, relações, ciências ou objetos... pensei sobre o poder... Será que almejo tê-lo mais do que o temo? Não seria o temor pelo poder uma justificativa para não perseguí-lo? Poderei um dia conquistá-lo? Querer é realmente poder? E quem pode possui o que quer? Caso o possuísse poderia controlá-lo? Quem tem poder é poderoso e empoderado ou um anula o outro? Dentro do empoderamento não há o poder? Para o poderoso ele não é empoderado? E o empoderado, será que ele se enxerga potente ou onipotente? Todo empoderado é humilde e o poderoso é sempre pedante? Onde habita o diálogo em prol de quem não tem nada? Lá encontro o respeito pedido ou o perdido? Posso eu responder minhas questões com perguntas ou mais uma vez ignorá-las ao reduzí-las. Por não dominar nada me alivio da obrigação de ter asas – algo meu: impotente, longe de uma liberdade envaidecida, covarde e fraca.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Amiga,

Tinha acabado de perder minha melhor amiguinha quando chegou; passava pelo desmame da medicação que usei por oito anos e havia pousado em Goiânia (Go) – onde nasci – depois da minha primeira infância no interior do estado. Ser a criança com uma voz andrógina era triste e achei que após a partida precoce da minha primeira amiga ia ser difícil fazer novas amizades. Mas aí fomos matriculadas na mesma escola e admito ao olhar para trás que não tinha muita chance de dar certo. Você veio da maior metrópole do país, uma das maiores do mundo, enquanto eu tinha chegado de uma minúscula cidade a 90 quilômetros. Com sua pouca idade já era genial e extremamente inclusiva, sorte a minha. A pergunta que fica é: quem iria aguentar uma garotinha introvertida, nos idos anos 90, que orava na capela durante o recreio e depois batia nos meninos que a ofendiam por causa do seu vozeirão no fim da aula? A resposta é: você.  ATENÇÃO: crianças, não batam em seus colegas – reportem-se as autoridades.  Até parece que nada mudou: três décadas se passaram e segue incluindo, ouvindo, protegendo, observando, aconselhando... Uma das criaturas mais generosas que conheço. Conservada por dentro e por fora, mantém o coração conectado ao sorriso de sempre. Maravilhosa! Sei que nossa genética espiritual é a mesma – não em vão muitos pensam que a gente é parente. Isso deve ficar mais evidente agora que vou voltar a usar óculos. A propósito, amo a família que construiu – sou só carinho e orgulho! A expressão escolhida para resumir meu contentamento é "valeu demais". São trinta anos que me aguenta e nesse intervalo de tempo tanta gente veio, foi e ficou; nesse ínterim nos desentendemos tão pouco e até morando longe mantivemos a parceria.  Que bom por tudo e especialmente pela sua paciência, esta homenagem é em virtude do longo cuidado que tem comigo – e com seus demais contatos – e da nossa relação. "Cadê os defeitos dela?" – esmiúçam os curiosos. Não penso em defeitos... Prefiro defesas, algo meu e do ser humano como um todo. Somos, em geral, errantes e isso é comum. E se a honro hoje, com esta carta aberta começada com 'amiga', é para ressaltar o seu valor como pessoa e o meu amor de irmã.




Gratidão.

🎁


À Alê 

Ass.: Marcinha












 





















terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Quando mais jovem

Todo mundo na vida conheceu alguém que o alertou de certo modo. Conheci Efe – um líder atento ao meu "interesse" no galego que não desgrudava de mim. Época delicada aquela, minha ansiedade era apressada e jovial como meu raciocínio era ligeiro para o frívolo. Sempre fascinada pelas interações humanas, os vínculos formados por meio de identificações e afinidades me apeteciam mais que o entrelaçar dos corpos. Será que exagerei? Talvez isso, até pelo jeito da criatura aqui, tenha confundido muita gente. As pessoas, quase sempre, presumem uma confusão da minha parte, no entanto mais afundo do que confundo certas relações. Quem não ou quem nunca, não é mesmo? Normalmente quando isso acontece: eles se distanciam, eu respeito; sou apartada de um núcleo ou até prefiro me afastar, eu aceito; e por fim esqueço, eu tento. Esquecer, na minha concepção, deveria ser tão importante quanto perdoar. Sei que o perdão absolve nossa falha com altruísmo, mas nem de longe sou altruísta – sou é esquecida, quem sabe por isto "milito" em prol do esquecimento?! F, meu velho amigo, se equivocou. Jamais quis ter meu cúmplice para sempre comigo, quis ser genial – como o cretino que escancarou minha admiração sem medidas – era. É óbvio que empolguei, que fui intensa e errei com gente linda demais (como sou, risos) para enxergar um pedido de socorro tão feio. Quem era eu nessa fase da vida senão uma jovem perdida nas minhas ilusões? O que F. precisava saber é que nunca desejei possuir meu "peixe" e sim sê-lo – para conhecer os mares que o acolhiam sem afogar-me nos meus rios. Ser invejoso é algo típico dos jovens? Duvido. O melhor, agora, é mergulhar nos lagos e oceanos, sem defeitos, depois de podar meus maiores preconceitos e pisar na terra dos humildes.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Vamos celebrar?

Três décadas e oito décimos de uma vida bem vivida. São muitas coisas armazenadas na alma e tantas outras esquecidas. Deletei todo o desperdício e resgatei os benefícios.  A maturidade é o bônus de dias longevos – amadurecer é uma sequela da sabedoria. Longe de ser sábia, contudo, conquisto a sensatez de forma gradativa. Não coroo os gênios ou caçoo os estúpidos, inteligência sempre foi algo relativo. Meu cotidiano não é todo lúcido e pacífico, há dias afoitos apartados dos tímidos. Em períodos assim eu aprendo e não me prendo só ao que compreendo. A rima segue colorindo minha base com sua simpatia. Se a matiz do amor é rubra, alva ou negra... não sei... Descobrir apagaria todos meus versos desenhados com lágrimas ou tintas. E se agora exponho meus espinhos é sem medo. Nunca escondi minhas pétalas, vivo o florescer e o ruir dos momentos mais íngremes. Enfim, essa suposta faixa etária não atravessa meu âmago; o corpo talvez; a essência, todavia, é análoga ao espírito. O bom de fazer trinta e oito anos é isto: tentar construir mais uma etapa da vida ouvindo e respeitando meus pequenos conflitos. Hoje: 6 de fevereiro, versejei o que pude para dividir com você este dia repleto de alegria; e se rimei palavras bonitas com experiências lindas foi para compartilhar minha gratidão cheia de estima por quem tanto me inspira.

🥳

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Urna

Quanto mais perto chego dos quarenta anos mais eu aperto os trinta e sete – uma das minhas melhores idades. Às vezes, o tempo se fecha no vão do imprevisto e a surpresa abre espaço para o susto. Esses dias mesmo, até dormindo acordada não despertei o sonho dos meus sentimentos — não queria precipitá-los com pressa. Isolada fui povoada de reflexões: como não me sentir privilegiada pela assistência médica, familiar e fraterna que tenho? Dez dias entre quatro paredes não me privaram de atravessá-las com a fé situada no cerne da minha vulnerabilidade. A esperança que consumo eu distribuo quando assino essa ideia que publico. Serei urna de amor com votos de ódio? Não sei. Só circulo com a ternura sem distorcê-la. Isto conduziu-me a falácia que há por traz do ditado "a ignorância é uma benção" – nunca foi – a consciência, na verdade, aplicada na prática da cidadania é o que 'abençoa' tudo e todos. Porém, quem sou eu? Apenas uma vida que vocifera por outras vidas sem espaço para soltar a voz enquanto a dor as domina e machuca.










 

 

 

 

 





quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Quase uma semana

Seis dias dentro de um quarto... Tenho tratamento vip através da mamãe. Mas é inviável não estar entediada, brava com a situação e meditativa. Quase uma semana pensando que tomei três doses, não tiro a máscara para nada, a maioria das vezes que me encontro com pessoas é em área aberta e cumpro o distanciamento. Então, é inevitável pensar que se todo mundo fizesse sua parte, se vacinasse e tudo mais, talvez eu não estivesse isolada. Todo amanhecer carrega a esperança de resgatar o bem estar interrompido. Todavia o combo dor de cabeça e laringite permanecem invictos, apesar de que miraculosamente os pulmões seguem sem infecções e além disso não tive febre – certamente por causa das vacinas. Já assisti coisas super aleatórias na internet e ouvi mais do mesmo em rádios onlines. Dos livros que trouxe para minha clausura o de psicopatologia foi o que me atraiu, só confesso que ler tem sido mais difícil (falta de clima, suponho). Perdi o aniversário do meu pai, reorganizei o meu – porém dado momento vivido (depois de outro teste) repenso inclusive se vou celebrá-lo, eu não sei, de verdade. Cancelei todos os meus compromissos agendados para breve. Porque diariamente eu penso "não posso transmitir essa bagaça para ninguém" ‐ é muito desconfortável essa situação por mais que eu esteja bem acomodada fisicamente falando. E não espero que ninguém me entenda ou viva algo similar para compreender, ao contrário. Espero que as pessoas tomem consciência sobre a importância da imunização sem sofrerem, pois se estou praticamente assintomática hoje é em função das vacinas que tomei. Acredite: como asmática eu não sei como estaria sem a vacinação. Por favor, vacinem-se! Sentiu qualquer mal estar: isolem-se, façam o teste e cuidem-se de acordo com os protocolos de biossegurança. Quer esbanjar saúde sem grandes mazelas? Pense em você agrupado ao todo que te cerca e constitui como ator social lutando em prol de muitos com tudo que tem: a sua vida!

sábado, 1 de janeiro de 2022

Querido ano,

Talvez o tempo acelere seus dias, as semanas saltem sem percebermos e os meses sejam maratonados como séries em tardes de domingo;
Talvez eu o conduza sem parâmetros, minha lista não se alinhe a sua e o meu calendário seja marcado conforme minha vontade acima do melhor pra mim;
Talvez o cerne da sua existência, controlado pela nossa essência, reluza o viço da esperança incubada na sua chegada tão querida;
E apesar de nenhuma articulação escapulir do controle humano, caberá a natureza reger o espetáculo da vida para o querer da gente não te diminuir.
Que não descartemos a chance de vivê-lo sem os velhos erros que cometemos no outro ano, que lá atrás ficou, para abrirmos nosso presente que é você: 2022.