sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O poderoso e empoderado

Eu que não 'tenho' poderio sobre bens, relações, ciências ou objetos... pensei sobre o poder... Será que almejo tê-lo mais do que o temo? Não seria o temor pelo poder uma justificativa para não perseguí-lo? Poderei um dia conquistá-lo? Querer é realmente poder? E quem pode possui o que quer? Caso o possuísse poderia controlá-lo? Quem tem poder é poderoso e empoderado ou um anula o outro? Dentro do empoderamento não há o poder? Para o poderoso ele não é empoderado? E o empoderado, será que ele se enxerga potente ou onipotente? Todo empoderado é humilde e o poderoso é sempre pedante? Onde habita o diálogo em prol de quem não tem nada? Lá encontro o respeito pedido ou o perdido? Posso eu responder minhas questões com perguntas ou mais uma vez ignorá-las ao reduzí-las. Por não dominar nada me alivio da obrigação de ter asas – algo meu: impotente, longe de uma liberdade envaidecida, covarde e fraca.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Amiga,

Tinha acabado de perder minha melhor amiguinha quando chegou; passava pelo desmame da medicação que usei por oito anos e havia pousado em Goiânia (Go) – onde nasci – depois da minha primeira infância no interior do estado. Ser a criança com uma voz andrógina era triste e achei que após a partida precoce da minha primeira amiga ia ser difícil fazer novas amizades. Mas aí fomos matriculadas na mesma escola e admito ao olhar para trás que não tinha muita chance de dar certo. Você veio da maior metrópole do país, uma das maiores do mundo, enquanto eu tinha chegado de uma minúscula cidade a 90 quilômetros. Com sua pouca idade já era genial e extremamente inclusiva, sorte a minha. A pergunta que fica é: quem iria aguentar uma garotinha introvertida, nos idos anos 90, que orava na capela durante o recreio e depois batia nos meninos que a ofendiam por causa do seu vozeirão no fim da aula? A resposta é: você.  ATENÇÃO: crianças, não batam em seus colegas – reportem-se as autoridades.  Até parece que nada mudou: três décadas se passaram e segue incluindo, ouvindo, protegendo, observando, aconselhando... Uma das criaturas mais generosas que conheço. Conservada por dentro e por fora, mantém o coração conectado ao sorriso de sempre. Maravilhosa! Sei que nossa genética espiritual é a mesma – não em vão muitos pensam que a gente é parente. Isso deve ficar mais evidente agora que vou voltar a usar óculos. A propósito, amo a família que construiu – sou só carinho e orgulho! A expressão escolhida para resumir meu contentamento é "valeu demais". São trinta anos que me aguenta e nesse intervalo de tempo tanta gente veio, foi e ficou; nesse ínterim nos desentendemos tão pouco e até morando longe mantivemos a parceria.  Que bom por tudo e especialmente pela sua paciência, esta homenagem é em virtude do longo cuidado que tem comigo – e com seus demais contatos – e da nossa relação. "Cadê os defeitos dela?" – esmiúçam os curiosos. Não penso em defeitos... Prefiro defesas, algo meu e do ser humano como um todo. Somos, em geral, errantes e isso é comum. E se a honro hoje, com esta carta aberta começada com 'amiga', é para ressaltar o seu valor como pessoa e o meu amor de irmã.




Gratidão.

🎁


À Alê 

Ass.: Marcinha












 





















terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Quando mais jovem

Todo mundo na vida conheceu alguém que o alertou de certo modo. Conheci Efe – um líder atento ao meu "interesse" no galego que não desgrudava de mim. Época delicada aquela, minha ansiedade era apressada e jovial como meu raciocínio era ligeiro para o frívolo. Sempre fascinada pelas interações humanas, os vínculos formados por meio de identificações e afinidades me apeteciam mais que o entrelaçar dos corpos. Será que exagerei? Talvez isso, até pelo jeito da criatura aqui, tenha confundido muita gente. As pessoas, quase sempre, presumem uma confusão da minha parte, no entanto mais afundo do que confundo certas relações. Quem não ou quem nunca, não é mesmo? Normalmente quando isso acontece: eles se distanciam, eu respeito; sou apartada de um núcleo ou até prefiro me afastar, eu aceito; e por fim esqueço, eu tento. Esquecer, na minha concepção, deveria ser tão importante quanto perdoar. Sei que o perdão absolve nossa falha com altruísmo, mas nem de longe sou altruísta – sou é esquecida, quem sabe por isto "milito" em prol do esquecimento?! F, meu velho amigo, se equivocou. Jamais quis ter meu cúmplice para sempre comigo, quis ser genial – como o cretino que escancarou minha admiração sem medidas – era. É óbvio que empolguei, que fui intensa e errei com gente linda demais (como sou, risos) para enxergar um pedido de socorro tão feio. Quem era eu nessa fase da vida senão uma jovem perdida nas minhas ilusões? O que F. precisava saber é que nunca desejei possuir meu "peixe" e sim sê-lo – para conhecer os mares que o acolhiam sem afogar-me nos meus rios. Ser invejoso é algo típico dos jovens? Duvido. O melhor, agora, é mergulhar nos lagos e oceanos, sem defeitos, depois de podar meus maiores preconceitos e pisar na terra dos humildes.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Vamos celebrar?

Três décadas e oito décimos de uma vida bem vivida. São muitas coisas armazenadas na alma e tantas outras esquecidas. Deletei todo o desperdício e resgatei os benefícios.  A maturidade é o bônus de dias longevos – amadurecer é uma sequela da sabedoria. Longe de ser sábia, contudo, conquisto a sensatez de forma gradativa. Não coroo os gênios ou caçoo os estúpidos, inteligência sempre foi algo relativo. Meu cotidiano não é todo lúcido e pacífico, há dias afoitos apartados dos tímidos. Em períodos assim eu aprendo e não me prendo só ao que compreendo. A rima segue colorindo minha base com sua simpatia. Se a matiz do amor é rubra, alva ou negra... não sei... Descobrir apagaria todos meus versos desenhados com lágrimas ou tintas. E se agora exponho meus espinhos é sem medo. Nunca escondi minhas pétalas, vivo o florescer e o ruir dos momentos mais íngremes. Enfim, essa suposta faixa etária não atravessa meu âmago; o corpo talvez; a essência, todavia, é análoga ao espírito. O bom de fazer trinta e oito anos é isto: tentar construir mais uma etapa da vida ouvindo e respeitando meus pequenos conflitos. Hoje: 6 de fevereiro, versejei o que pude para dividir com você este dia repleto de alegria; e se rimei palavras bonitas com experiências lindas foi para compartilhar minha gratidão cheia de estima por quem tanto me inspira.

🥳