Tenho usado com frequência minha poupança de amor-próprio.
Os juros do desamor estão tão altos que requerem de mim um investimento que só
eu posso fazer. Quando ouço sobre o
vazio existencial, que acomete os poetas, eu me pergunto: onde estará o meu?
Sou afortunada de certezas sobre os sucessos e
principalmente fracassos vindouros; uso de máxima franqueza com minhas
fantasias ao apostar no desfecho mais sóbrio possível para mim – o conforto do
anonimato. Lócus que ocupo amparada pela diversidade que me cerca.
Estou no cerne da solitude margeada pela solidão e nada
disto é gatilho para a tristeza, pelo contrário, tudo isto dispara meu bom
humor. O que cientificamente é questionável já que há inúmeras hipóteses comprovadas
sobre a importância das interações sociais.
Mas, hoje falo de um lugar sereno sem averiguar se me
encaixo nesse pragmatismo todo; hoje, abrigo minha vida no encontro das
palavras afetadas pela essência de quem se troca comigo enquanto me troco com a
pessoa. E tudo isto aquecido nos
conflitos que nos formam enquanto parceiros no “crime’ e no amor (uma contravenção
afetiva para introspectivos como eu; um jeito meu de pertencer a este mundo que,
ainda bem, é muito seu).