quinta-feira, 8 de abril de 2021

Nos meus termos

Tenho usado com frequência minha poupança de amor-próprio. Os juros do desamor estão tão altos que requerem de mim um investimento que só eu posso fazer.  Quando ouço sobre o vazio existencial, que acomete os poetas, eu me pergunto: onde estará o meu? 

Sou afortunada de certezas sobre os sucessos e principalmente fracassos vindouros; uso de máxima franqueza com minhas fantasias ao apostar no desfecho mais sóbrio possível para mim – o conforto do anonimato. Lócus que ocupo amparada pela diversidade que me cerca.

Estou no cerne da solitude margeada pela solidão e nada disto é gatilho para a tristeza, pelo contrário, tudo isto dispara meu bom humor. O que cientificamente é questionável já que há inúmeras hipóteses comprovadas sobre a importância das interações sociais.

Mas, hoje falo de um lugar sereno sem averiguar se me encaixo nesse pragmatismo todo; hoje, abrigo minha vida no encontro das palavras afetadas pela essência de quem se troca comigo enquanto me troco com a pessoa.  E tudo isto aquecido nos conflitos que nos formam enquanto parceiros no “crime’ e no amor (uma contravenção afetiva para introspectivos como eu; um jeito meu de pertencer a este mundo que, ainda bem, é muito seu).