quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Anonimato

Eu poderia até ser, só que não sou:

O lócus da curiosidade sexual,

O palanque epistemológico do amor,

Um abrigo para novos intelectuais,

A linha entre vencedores e impostores,

A base cultural do meu querido Goiás.

Não ocupo esse lugar tão popular.

Fui cativada pelo anonimato,

Fiz minha boca de cofre

E meu ouvido de relicário.

Minhas ideias não engaveto,

Exponho elas em notas com e sem papo,

Não faço outra coisa senão explicá-las;

Nessas palavras há letras desencalhadas;

No altar das frases há verbos livres,

Linhas soltas e dedos (im)pressionados.

Eu vôo em um céu de comunicados que alinho escrevendo mensagens e recados.

Sou a legítima anônima feliz;
Rodeio a margem da doçura e brinco,

Admirada com a imponência de um nariz.