sábado, 2 de abril de 2022

O que mudou?

Hoje olhei para esta foto e pensei: de lá para cá o que mudou? O cabelo? O peso? As tatuagens? Um estilo mais contido, quem sabe? O que levo de onze anos atrás? E qual a marca eu deixei ali. É inevitável olhar para fotos antigas e não me emocionar. Não, senhorxs,  ainda não comprei minha casa própria, não me consagrei poetisa, não tive os filhos adotivos que planejei, não encontrei o ativista poliglota que curte stones e venera caretas de café sem doce em esquinas nada à ver.... Sou a mesma adepta da "escritoterapia" – escrever é lacrimejar palavras para não perder o pouco ar dos meus pulmões. Como minha caneta fala e tem longo alcance... Não é a toa que economizo voz para doá-la a um texto costurado em minha timidez. É como se eu removesse do embotamento a pobreza que nele há para bordá-la com tintas valiosas aos olhos de quem lê a alegria que sinto ao escrever. Aprendi a me humildar, a soberba tornou-se um estorvo. Arrogar algo demanda um domínio e um controle cheio de autonomia que eu nem de longe alcancei e tudo bem. Encontro colo aqui: onde abrigo minhas frases gordas de amor sem restrições. Talvez seja isto que ficou: a comoção, o prazer e a vulnerabilidade ao vivo em meus (con)textos.