sábado, 28 de maio de 2022

Às pessoas lindas e curvilíneas,

Se o seu espelho refuga as histórias por trás da sua coleção de curvas; se ele julga suas formas como inapropriadas para o sucesso; se te pesam pelo peso da alma revestido de amor-próprio; você precisa saber que o autoamor não se prende a balança ou a fita métrica. Deparei-me, há pouco, com uma situação de gordofobia velada... Fiquei triste, respirei e disse: dane-se. Sigo satisfeita com o corpo que reveste minha essência; minhas dobras mais salientes não refletem uma carga emocional... Ao contrário, dou descarga em todo preconceito e rejeição. A mágoa até toma a forma estreita da estupidez de alguns. Sei que nem todo gordo percebe-se como, geralmente, me percebo: singular. A muitas mulheres isso é gatilho, elas se sentem indesejáveis. Apesar de seguras e sedutoras; somos impactadas pelos moldes comerciais. É preciso ter cintura fina, barriga chapada e um certo glamour – ouvimos; daí se enquadra, participa, pertence e eles te incluem – dizem; motivo pelo qual você se adequa, adapta, conforma e se expõe (será?). Aí, de repente, é convencido pelo ódio e vira refém de toda essa amargura. Desejo, pois, que: a gordurinha do amor extravase, unte os corações mais ressecados que te julgam e besunte de compaixão suas veredas e curvas mais leais até aqui.

Fiquem bem.