Quando
tudo parece não sair do lugar eu me movo internamente. Do lado de dentro
procuro alternativas e não defesas. São muitos anos de terapia. E mesmo com
todo esmero do mundo nem sempre consigo. Acredito que embora esteja na minha
melhor fase emocional e espiritual, existem ajustes que preciso fazer em
algumas veredas internas. Talvez a minha versão mais perfeita seja o inverso do
que preciso, apesar de ser o meu maior desejo. Em fim...
Admito que custei a lidar com a competência alheia de sair
incólume de seus deslizes enquanto derrapo pelos meus. Inveja? Talvez. Todavia,
não me alegro com a angústia dos outros em queda livre, fico é curiosa para
saber como fazem para fortalecerem-se. Posso dizer que no meu solilóquio
diário, aprendi que ser lacunar é o que me leva a conversar comigo. Se alguém
me assiste falando sozinha não verá muito nexo nas ideias delineadas pelo
conforto de minhas fantasias. Quem não as tem? Hoje, permito-me abraçar meus
maiores devaneios com minha sabedoria miúda – e é aí que encontro sentido no
alívio.
Aprendi, assim, que solitude não galga os degraus do
sofrimento, mas, a solidão sim avança os patamares da dor – por isto para
discernir entre uma e outra, às vezes, precisamos dos ouvidos de terceiros. Pausa
para um salve aos psicólogos e psiquiatras. Quem sabe ao ser escutado não nos
surpreendemos com o cuidado que pode levar-nos ao autocuidado? Eu tento manter
o meu em exercício, inclusive: sendo cuidada. Que tal, você que lê isto,
começar por aí: sendo cuidado com amorosidade e diálogo?! Pense nisso e me fala
ou me escreva contando que pediu ajuda.