Há leveza quando paramos de fazer questão de quem não nos
corresponde – será? A gente torce por isto, eu sei. Permanecer em um lugar que
não pertence é habitar fora do seu espaço. O amadurecer repele relações
forçadas. Não existem atalhos para destinos suaves, o endereço da compreensão é
largo. Hoje, as perguntas vibram com o silêncio das respostas; a mágoa e a
decepção são lapidadas ao nos esquivarmos de contatos não mais queridos como
antes. O problema é: sair pela tangente reforça o rancor ou de fato liberta?
Enfrentar nunca foi tão dolorido como é agora. É preferível manter a
"classe" com um desafeto do que admitir o término do relacionamento (baseado
na afinidade) agora dissimulado. Nunca fomos tão diplomáticos e tão
amargurados. Eu, às vezes, até prefiro o vácuo, nele desligo meu ideal para
viver um mundo honesto comigo mesma – ancorada, mais do que nunca, ao fato de
que a admiração acaba como a amizade sem confiança ou envergonhada. Por isto eu
rogo: livrai-me Senhor de amar quem sente vergonha de mim – desses eu quero
distância; perto eu quero quem me assuma (seja eu segura ou vulnerável), que me
banque como sou e não como me fantasiaram.