quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Amargurados

Há leveza quando paramos de fazer questão de quem não nos corresponde – será? A gente torce por isto, eu sei. Permanecer em um lugar que não pertence é habitar fora do seu espaço. O amadurecer repele relações forçadas. Não existem atalhos para destinos suaves, o endereço da compreensão é largo. Hoje, as perguntas vibram com o silêncio das respostas; a mágoa e a decepção são lapidadas ao nos esquivarmos de contatos não mais queridos como antes. O problema é: sair pela tangente reforça o rancor ou de fato liberta? Enfrentar nunca foi tão dolorido como é agora. É preferível manter a "classe" com um desafeto do que admitir o término do relacionamento (baseado na afinidade) agora dissimulado. Nunca fomos tão diplomáticos e tão amargurados. Eu, às vezes, até prefiro o vácuo, nele desligo meu ideal para viver um mundo honesto comigo mesma – ancorada, mais do que nunca, ao fato de que a admiração acaba como a amizade sem confiança ou envergonhada. Por isto eu rogo: livrai-me Senhor de amar quem sente vergonha de mim – desses eu quero distância; perto eu quero quem me assuma (seja eu segura ou vulnerável), que me banque como sou e não como me fantasiaram.